Comunidades mapuche de Lleulleu trabalham em aliança produtiva, educacional e de proteção do meio ambiente.

Em Mapudungun, a língua dos Mapuche, Lleulleu significa derreter-se. As águas do lago que leva este nome, localizado a oeste da cordilheira de Nahuelbuta, na região do Biobío, são consideradas uma das mais puras da América Latina.

Junto ao lago Lleulleu há comunidades Mapuche morando no lugar, as quais mantêm suas tradições e se esforçam para preservar sua cultura. É justamente nesta área que a CMPC desenvolve um conjunto de iniciativas de apoio a 14 comunidades do setor com o “Projeto Lleulleu”.

Em que consiste? Consiste em trabalhar junto com os vizinhos em programas que aumentem a empregabilidade, acabem com a evasão educacional, melhorem a infraestrutura da comunidade, melhorem o acesso à água para consumo humano e irrigação, promovam o turismo e gerem alianças para promover iniciativas de desenvolvimento que contribuam para gerar oportunidades na região.

“Na CMPC convivemos diariamente com cerca de 380 comunidades Mapuche de diferentes áreas do sul do país. Faz parte da nossa preocupação como empresa nos envolvermos com a realidade de nossos vizinhos nas regiões onde atuamos”, afirma Augusto Robert, gerente de Assuntos Corporativos da CMPC zona sul.

De fato, o conjunto de iniciativas que estão em pleno andamento permitiu que na região a geração de 400 empregos no manejo florestal; prevenção e combate a incêndios; restauração de floresta nativa e construção e turismo.

 

Empreendedorismo

Um dos grandes projetos que estão sendo desenvolvidos é a implantação de viveiros de mudas nativas com 13 comunidades Mapuche de Tirúa, próximas ao lago Lleulleu, cujo objetivo é proteger o lago restaurando a vegetação nativa, gerando empregos associados ao setor florestal e, com isso, conseguir a ativação de uma economia associada à restauração, onde se promova o empreendedorismo e as instalações dos recursos produtivos das comunidades.

Nos 19 viveiros comunitários construídos, mudas nativas foram desenvolvidas com o objetivo de restaurar todas as margens do lago, as zonas de proteção dos afluentes e setores dentro das propriedades da CMPC e das comunidades.

Isso permitiu a criação de 150 novos empregos diretos, dos quais 95% são ocupados por mulheres.

Este trabalho vem sendo realizado em conjunto com a Corporação Industrial para o Desenvolvimento Regional do Biobío (CIDERE) e a Universidad del Desarrollo, os quais geraram um plano de negócios para a produção e comercialização dos viveiros, que já têm uma produção de cerca de 100 mil mudas nativas prontas para restauração e 70 mil em germinação.

Um dos exemplos concretos de iniciativas que têm gerado bons resultados, tanto em empregos como no desenvolvimento da agricultura na região, é a Cooperativa de Productores de Papas (Cooperativa de Produtores de Batata), que comercializa seus produtos com a marca Poñi, batatas de Tirúa. Soma-se a isso o desenvolvimento de um polo de produção de bagas, apicultura e produtos hortícolas.

Para que essas plantações durem ao longo do tempo, construíram-se 20 poços profundos para irrigação de viveiros nativos e projetos agrícolas.

No entanto, a quantidade de água encontrada nos permite oferecer uma solução definitiva para a falta de água para consumo humano na região, para o qual a CMPC em conjunto com Desafío Levantemos Chile desenvolve a iniciativa “Desafio Água para o Chile”, que aborda soluções ágeis para esta problemática.

 

Educação

O “Projeto Lleulleu” também visa reduzir a evasão no ensino superior, uma vez que os jovens que conseguem acessar esse estágio acadêmico e que vêm dessa região se enfrentam com uma série de dificuldades que influenciam no abandono do curso.

É por isso que a intervenção inclui acompanhamento, oficinas, tutorias acadêmicas, consultorias de empregabilidade e bolsas de estudo mensais. Até o momento, 215 alunos foram beneficiados por esse programa, desenvolvido em parceria com uma fundação especializada.

Além disso, para favorecer a empregabilidade dos moradores, criaram-se cursos e oficinas de capacitação em ofícios gratuitos em áreas como turismo, silvicultura, produção de mudas, administração, higiene e manuseio de alimentos.

Atilio Pérez, que tem uma empresa de cultura de batata, lembra que para desenvolver seu projeto fez um destes cursos, onde “deram-nos ferramentas que não conhecíamos e competências que talvez tenhamos, mas não sabemos como administrar. Por isso este curso é muito importante para o meu negócio andar ”.

 

Turismo e infraestrutura

“O curso que fiz neste programa me deu conhecimento para poder me desenvolver e organizar melhor no que eu faço, que é o turismo”, diz Erica Huaiquipán. Devido às belezas naturais da região, uma das principais atividades produtivas é o desenvolvimento de empreendimentos turísticos, como camping, pousadas e gastronomia intercultural.

Dessa forma, o “Projeto Lleulleu” inclui também melhorias em equipamentos e infraestrutura, como aspectos sanitários, arquitetônicos e mercadológicos da atividade turística.

De fato, as comunidades Mapuche serão dotadas de infraestrutura comunitária, já que a grande maioria não possui sedes ou espaços de desenvolvimento. Para tal, considera-se a construção de cerca de 10 centros comunitários, beneficiação de escolas e igrejas.

Em curto prazo, está se formando uma cooperativa de produção de lenha certificada, na qual 5 comunidades trabalharão no manejo sustentável de 500 hectares das suas próprias florestas, gerando um produto amigo do meio ambiente e que, por sua vez, gera empregos e oportunidades de renda.

“Com essas ações busca-se que o acordo entre as comunidades e a empresa permita a proteção do lago e suas características ambientais, bem como das características culturais das comunidades Mapuche existentes”, afirma Augusto Roberto.

 

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