Área úmida de Monkul é declarada unidade de conservação internacional
20 de Julho, 2020
Dada sua beleza cênica única e sua grande biodiversidade, seus 4.300 hectares e o desenvolvimento de espécies ameaçadas de extinção, a área úmida de Monkul, localizado a apenas 74 quilômetros de Temuco, no sul do Chile, foi declarado área de conservação internacional pela convenção internacional Ramsar.
A Convenção de Ramsar é um tratado intergovernamental que serve como estrutura para a ação nacional e a cooperação internacional para a conservação e o uso inteligente das áreas úmidas e de seus recursos. Nessa mesma ocasião, o pantanal do rio Limarí também foi declarado área protegida.
O pantanal de Monkul é administrado pela comunidade Mateo Nahuelpán, proprietária do local, composta por 20 famílias mapuche (indígenas) de identidade territorial de Lafkenche, e é uma das atrações que fazem parte da Rota do Rio Carahue Navegável composta por mais de 20 empreendedores turísticos da região apoiados pelo município de Carahue, pelo Grupo CMPC e pelo departamento de Ação Social de Temuco.
Para a presidente da comunidade Mateo Nahuelpán, Estela Nahuelpán, essa designação Ramsar é uma notícia esperançosa, especialmente em tempos de pandemia. “É um reconhecimento de que quando as comunidades locais amam o lugar onde vivem, é possível se organizar e conservar, sem provocar danos. Foi o que fizemos em Monkul e em conjunto com as comunidades da bacia do rio Monkul e Imperial”.
No Chile, a Convenção de Ramsar entrou em vigor em 27 de novembro de 1981 e, atualmente, possui 14 locais designados como Zonas Húmidas de Importância Internacional (Sítio Ramsar), com uma área total de 362.020 hectares.
Segundo o órgão internacional, o reconhecimento deste local como unidade de conservação na região de Araucanía se deve por ser um sistema de estuário constituído por lagoas costeiras, pântanos de capim alto e matas ciliares. O local abriga cerca de 171 espécies de plantas, incluindo espécies endêmicas e vulneráveis, como o podocarpo de folhas de salgueiro. Estão presentes pelo menos 134 espécies de animais, incluindo cerca de 80 espécies de aves aquáticas e 13 espécies migratórias. As espécies ameaçadas incluem, entre outras, a lontra-marinha.
O biólogo e professor da Escola de Turismo Sustentável da Universidade Mayor, Manuel Gedda, explica que 1.380 dos mais de quatro mil hectares que compõem a área úmida foram declarados Sítios Ramsar, que também engloba parte de outra atrações da rota fluvial: Carahue navegável, ilha Dona Inés.
“Este é a primeira área úmida da região a ser declarada Sítio Ramsar. São as zonas que mais sofrem transformação e perda, portanto, protegê-las hoje se torna uma prioridade mundial, também no Chile. Com essa qualificação, protegemos um local de alta riqueza biológica, educacional e cênica, que é sem dúvida um patrimônio natural reconhecida internacionalmente”, afirma Gedda.
Para Juan Carlos Navia, chefe de Assuntos Públicos da Área Sul da CMPC Bosques, a designação é motivo de grande orgulho. “Primeiro porque é um reconhecimento à comunidade mapuche Mateo Nahuelpán. Segundo, porque esse espaço fica protegido. De maneira generosa essa região tem sido compartilhada com os visitantes sob um olhar que se concentra no turismo comunitário educacional e sustentável”.
Atrações turísticas
A porta de entrada desta área úmida é um espaço educacional chamado Aula Abierta, que é composta por um anfiteatro ao ar livre, um espaço onde a comunidade recebe estudantes, pesquisadores e turistas, em um cais flutuante e, na sala de aula aberta, existe um espaço educacional que possui painéis informativos que detalham a flora e a fauna local.
Além disso, e na companhia das mulheres da comunidade Mateo Nahuelpán, é possível visitar o pantanal de barco ou de caiaque. No final do passeio, os visitantes participam de uma degustação de comida típica local em uma oca tradicional, além de poder conversar sobre a cultura mapuche, entre outras atividades.
“Essa comunidade realiza um trabalho em conjunto com a CMPC há alguns anos, através do projeto Rota Fluvial Carahue Navegavel e têm sido muito receptivos, muito respeitosos, o que nos permitiu desenvolver junto uma atividade turística sustentável, especialmente em termos de treinamento, melhoria e infraestrutura”, acrescentou Navia.
Carahue Navigable é uma rota turística de 30 quilômetros que conecta a história deste grande rio através de um conjunto de serviços turísticos localizados em suas margens e setores vizinhos. Este passeio começa na estação do rio Carahue e termina no espetacular pântano de Monkul.